O Dia Nacional de Mobilização dos Homens pelo Fim da Violência contra as Mulheres é celebrado anualmente em 6 de dezembro.
O objetivo desta data, como propõem os seus criadores, é “conscientizar os homens sobre o papel que precisam desempenhar para colaborar com o fim da discriminação e violência contra as mulheres”.
Para que este objetivo tenha efetividade é preciso tirar a violência do objetivo. Penso ser uma violência usar o verbo “conscientizar”, pois entendo que a consciência é o que há de mais singular em uma pessoa e qualquer coisa que tenha por objetivo impor uma forma de consciência é já uma violência. Ainda, tudo o que é construído sobre um ato de violência não chega a nenhum bem.
Então, a data é oportuna, sim, para sensibilizar, envolver e mobilizar os homens em ações pelo fim de todas as formas de violência contra a mulher, atuando em consonância com as ações de todos os movimentos de mulheres e de outros movimentos organizados em prol da equidade de gênero e justiça social.
A data também é oportuna para dar visibilidade a um problema ainda muito presente e que perpetuam a desigualdade de gênero e suscitam diversas violências contra a mulher. Por isso todos os esforços devem-se juntar pela mudança do comportamento machista e agressivo. Para isso, destaca-se a necessidade do engajamento masculino e de uma reformulação na educação interna, social, familiar e até mesmo econômica e política.
Nos últimos anos percebemos a elaboração de leis contrárias à violência de gênero, sem dúvida importantes, mas é necessário compreender que estas são medidas paliativas que procuram proteger uma pessoa que já está em situação de violência/abuso e não da superação das violências de gênero. Por exemplo, a Lei Maria da Penha, que já completou 14 anos, apesar de ser uma grande conquista feminina, não foi responsável por diminuir o número de violências de gênero.
A Associação Matogrossense de Psicanálise, através do entendimento psicanalítico, diante do aspecto cultural que envolve a violência contra a mulher, quer promover e incentivar o debate sobre temas como gênero, sexualidades, machismo, patriarcalismo, racismo e outras formas de violência contra a mulher.
Por fim, acredito que a maneira mais assertiva de mudança é dando visibilidade às injustiças, promovendo debates, também dando voz às mulheres e aos homens, para que falem de si a partir de suas próprias experiências e vivências. É preciso criar espaços onde mulheres e homens possam conversar sem que se sintam julgados. É fundamental não esquecer de trabalharmos com as crianças, tanto em casa quanto nas escolas, a igualdade de gênero e o respeito às diferenças. Pois, parafraseando Nelson Mandela, “ninguém nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por sua religião ou gênero. Para odiar, as pessoas precisam aprender a odiar, então, elas também podem ser ensinadas a amar”.
Jair José Schuh Psicanalista da Associação Matogrossense de Psicanálise
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