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AMP

ASSOCIAÇÃO MATOGROSSENSE DE PSICANÁLISE - AMP

ATA DE FUNDAÇÃO

A Associação Matogrossense de Psicanálise - AMP, iniciou as suas atividades em reunião de seu primeiro núcleo em 11 de abril de 2015, em Cuiabá, MT, tem como alvo o pensar a psicanálise “extra muros”, a partir da diversidade da experiência psicanalítica realizada nos  diversos espaços de atuação do Psicanalista, permitir a formação de analistas, garantir a qualidade analítica dos seus membros que ela reconheça como analista, bem como sustentar a produção e a difusão da experiência e do discurso psicanalítico em todas as situações que não comprometam as condições de sua enunciação e/ou de seus efeitos.
A estrutura da AMP compreende o conjunto de trabalhos realizados por seus membros, no estudo, na reflexão, na pesquisa, na  comunicação de experiências e na transmissão da psicanálise nos múltiplos lugares. A AMP quer tornar-se poli tópica, podendo estar em todos os lugares onde os psicanalistas associados estejam.
Deste modo, as vias de formação na AMP de  multiexperiências, a teoria da formação do analista, necessita de um cuidado explícito da AMP, para tanto ficam estabelecidos os seguintes princípios preliminares: Assim como em toda a história da formação de analistas, a peça-chave da formação do analista é a sua análise pessoal. Que neste quadro o pedido de formação não seja concebido como diferente de qualquer outro, garante aqui que ele seja interrogado pela experiência analítica. Isso implica que a análise possa ser dita "didática" só a posteriori.
Para além da análise pessoal “didática”, a posteriori, aparece a supervisão da prática analítica, também indispensável na formação do analista, à condição que não se institua como lugar de conforto – às vezes mutuamente negociado – onde a produção ou a delegação de um domínio imaginário pouparia ao analista o encontro com o real da clínica, antes como lugar de análise das resistências (sempre do analista) ao exercício de sua função e de seu ato.
O exercício da psicanálise provém também de um estudo de produção psicanalítica desde a fundação da sua prática. Neste quadro, a referência da AMP são os ensinos de Sigmund Freud, fundamentalmente e de outros na esteira desta tradição. Por isso, também na formação de um analista é imprescindível o interesse pelas disciplinas todas que ocupam o campo da kultur (no sentido freudiano) e da multiplicidade das experiências psicanalíticas.
No acesso a um ensino psicanalítico, o sujeito deve ser ao mesmo tempo "informado e posto em causa..." (Lacan). Por isso é que a transferência que sustenta uma instituição psicanalítica é uma transferência de trabalho. A transferência de trabalho que a AMP pretende sustentar excede os limites da sua experiência e consistência; ela pretende participar da transferência ue anima o campo psicanalítico nos mais variados espaços analíticos de nosso local, do país  do mundo.
A formação oferecida pela AMP aos seus associados e participantes não é um “cursus”, pois nada permite considerar acabada – mesmo além do término de sua análise – a formação de um analista, ideia esta de uma formação acabada, que só facilita a inserção da psicanálise num comércio cultural que desnatura o seu discurso.

 

De fato, desde que se entenda que a formação do analista é um efeito, aparece que ela não pode ser projetada nem do lado do sujeito que se candidataria, nem, e ainda menos, do lado de quem proporia um caminho certo.
A AMP se engaja a oferecer aos seus membros e participantes um quadro de possível formação. Pois a formação é permitida, nunca garantida, e nunca sancionada como acabada.
A AMP quer responder à necessidade de criação de um espaço institucional que propicie inscrição formal ao estudo, ao exercício e à invenção de práticas dirigidas pelo discurso e pela ética analítica, mas que não estão sustentadas pelas proposições da Universidade. A
AMP, através de suas atividades de ensino, promoção de eventos e da inserção de seus membros em diferentes espaços de expressão pública, que não sejam esquecidos a mídia televisiva e escrita e as redes sociais, dá mostra do cuidado da Instituição, não só de
promover a transmissão da psicanálise àqueles que se pretende formar, mas também de intervir positivamente em questões concernentes ao espaço público.
Nesta concepção, o lugar da instituição funciona como um terceiro, encontrando nela um compartilhar com os pares, que faz função de castração simbólica. Essa condição de castração requer e pressupõe o exercício contínuo da circulação da palavra e dos circuitos
transferenciais que aí se agenciam. Pressupõe também a reinvenção, tão constante quanto possível, dos espaços instituídos na própria gerência e administração institucional.
É certo que estas condições não se estabelecem de uma vez para sempre; nem tampouco podem ser efetivas a qualquer momento. É preciso o tempo de construção de laços - tempo de permanência e de extensão imaginária da transferência - para que os atos possam ter
inscrição simbólica e efeitos reais: princípios que valem tanto para a prática clínica como para o engajamento em outras instituições. O desafio constante é que a alienação à transferência não nos deixe totalmente adormecidos e surdos, presos à repetição do mesmo.
A burocracia é um dos nomes desse adormecimento na lide institucional. 

É como um desdobramento de nossa vivência institucional que está sendo criado a AMP.
Seu objetivo é reunir e dar sustentação a práticas de intervenção social fundamentadas na psicanálise, que já se realizam, e propiciar as condições para a invenção de novas articulações entre pesquisa, clínica e intervenção no campo analítico.
Neste sentido, a AMP será uma associação de pessoas interessadas em sustentar e constituir práticas orientadas pela ética psicanalítica, que assumam uma função política, ampliando os efeitos do discurso psicanalítico. Estas atividades estarão voltadas à produção de um campo de indagações e tensionamento com outros discursos que
organizam o laço social, exercitando a transmissão da ética psicanalítica no próprio contexto dos campos de intervenção.
As formas de engajamento e participação do associado estão definidas no estatuto da AMP.

 


Cuiabá, 07 de novembro de 2015.

 

Claudia Aparecida Conti
Presidente da Diretoria da AMP

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