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TRISKEL

O simbólico como prerrogativa de trabalho

Toda instituição carrega sua história. Na AMP não seria diferente, um grupo de analistas, desejos na transmissão da psicanálise sem amarras viciadas, se reúnem hora aqui, hora ali para estudos, troca de experiências, supervisões, pequenos congressos, autorizados assim por Freud, pois ele e mais um, já produziam congresso, por que não nós? Um grupo que se respeita, que em respeito ao Mestre Sigmund Freud e no traço lacaniano encontra um norte, um guia; assim nasce a AMP, fundamentalmente nos estudos do Seminário 22 – RSI. Eis que o triskel coloca diante de nós nosso desejo comum: fundar uma instituição que se preze na transmissão da psicanálise, então ele vira signo.
Signo de um grupo que se associa, que dá corpo e faz laço com a psicanálise, com a pretensão de se obter o prazer simples da troca e da continuidade dos ensinamentos freudianos, de sua metapsicologia e da retomada pela leitura lacaniana. O gosto de não produzir recalque de sua história, o gosto de produzir ensaios sobre o mundo atual, o gosto de pensar as formas de operar laços sociais, o gosto por associar-se pelo simples desejo de ter onde falar sobre o que
se gosta: psicanálise.
O triskel, em sua etimologia grega, significa três pernas, seu simbolismo primeiro vem da impressão que sua própria imagem dá, do movimento dentro do que ele simboliza: ação, ciclos, progresso, revolução e competição. É moving forward, que significa avançar superando obstáculos. Superamos vários para chegar aqui. Outro de seu simbolismo grego é que cada perna vem significando uma trinca, um triângulo ou uma trindade: espírito/mente/corpo,
pai/filho/espíritosanto, pai/mãe/filho, passado/presente/futu-ro, poder/intelecto/amor, criador/destruidor/sustentador, criação/destruição/sustentação.

Neste moving forward, vamos construindo, avançando, apresentando nossas produções, por amor criando.

O triskel para os Celtas aponta para a marca de três mundos; the Otherworld: onde vivem  espíritos, deusas e deuses, the Mortal World: onde vivemos com os animais e plantas e theCelestial World: onde as energias invisíveis vivem e se movem; e que todos se desenvolvem juntos, se associando a outros simbolismos, como mistério, feminino, sutileza, intuição, inconsciente, espiritualidade e desejo escondido. 


No Seminário 22, Lacan designa o nó borromeano como aquilo símbolo daquilo que dá consistência ao psiquismo, o elo de três anéis, RSI – real, simbólico e imaginário. Sua
consistência é a base, e o triskel, que não é um nó, se inscreve, e faz parte do traço unário. O Nome do Pai, é o que compõe o nó, que faz anel entre os três, RSI e finalmente faz anel com as três pernas do triskel. Quando Freud diz que a identificação minimal é base para todos os
outros processos inconscientes, no lacanês entendemos que é o que dá suporte ao nó, apontando que, pelo fato do triskel ex-sistir é que pode haver identificação, e consequentemente desejo.
Associação (associar + ação) - ato ou efeito de associar-se (combinação, junção, união - imagens e cores, medicamentos/cura); aproximação, conexão; relação (de ideias, entre pessoas); colaboração; participação; agrupamento organizado de indivíduos com um objetivo
comum; entidade que congrega essas pessoas; local onde se reúnem esses indivíduos, onde funciona essa entidade, enfim, qualquer ligação entre dois ou mais elementos psíquicos cujo encadeamento constitui uma cadeia associativa.
Eis que montamos nosso triskel, dois elementos que se unem, que se associam: pessoas e objetivos comuns, que se desdobram no nó, que nos permite trabalhar e produzir através da ex-sistência, nos conectando com nosso terceiro elemento, mas primordial na relação com o traço unário, o desejo. Deste modo, assim pincelada nossa história na relação com o símbolo, nosso amor pela psicanálise e nossa forma de fazer laço, podemos continuar dando sentido ao
que Freud magnificamente criou.

 


Claudia Aparecida Conti

Presidente da AMP

 

Agradecimentos especiais à Aline Roberta Candatten pelos ensinamentos com a cultura Celta.

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