Michéli Jacobi
Mariana Ramon
Soltai as palavras tristes – as penas que não falam sufocam o coração extenuado e fazem-no quebrantar.
(Shakespeare).
Não deves afirmar ou negar nada.
Pois o que quer que seja afirmado não é verdade, e o que quer que seja negado não é verdadeiro.
(Verso budista).
O filme de um menino chamado Conor O'Malley, que tem 12 anos, “um menino velho demais para ser criança e jovem demais para ser um adulto” o filme inicia com um sonho, um sonho recorrente nas noites de Conor, “ele segurando a mão da mãe para que ela não caia em um precipício”. A primeira sessão de uma análise é o desenrolar de toda Análise, pois é dela que será trabalhando as vivências recalcadas em seus pensamentos, ligando aquele ponto em que a lembrança recalcada está contida de alguma forma, Freud (1912-1913).
A mãe (Lizzy) está doente, já fez alguns tratamentos, mas sem melhoras, a mãe está em fase terminal, mas essa é uma conversa sempre adiada. A mãe sempre diz que vai ficar tudo bem, que terá um novo tratamento, um novo remédio.
Conor vai para escola, e frequentemente depois da aula apanha de um colega, não conta a ninguém e não enfrenta o colega. Quando chega da escola tem uma Surpresa. A mãe mostra o retroprojetor do avô e diz: gostaria que você o tivesse conhecido, eles assistem o filme do King Kong no qual ele morre e neste momento a mãe adormece e o olhar de Conor muda, não se fala da morte pela linguagem com palavras, mas se sente e pensa sobre ela.
Nesta noite, Conor está em seu quarto e escuta uma voz que o chama “Conor” ele começa a desenhar e desenha uma árvore, um cemitério e uma igreja, desenho semelhante ao que é possível ver da janela de seu quarto e que fica próximo à sua casa, um cemitério, uma igreja e uma árvore. As 12:07 algo acontece, a árvore aproxima-se da casa e vai até ele, e diz: eu vou te levar comigo Conor O’Marley! Mas Conor enfrenta a árvore, e até o momento só pode enfrentar a árvore.
A árvore faz um acordo com Conor, diz que irá retornar e que irá contar três histórias verídicas para o menino, e depois Conor deverá contar uma história a quarta história e nela deverá conter a verdade, a verdade que Conor esconde, a verdade que sonha, “vai me contar o teu sonho e essa será a verdade”.
A avó chega na casa de Conor, e pede para que a mãe conte a verdade para ele, e ele escuta a conversa, a mãe disse que este não é o momento, que não contará agora, a avó insiste, e diz para Conor que precisam conversar, mas esta é mais uma conversa adiada. Parece que ultimamente todos querem conversar, mas não conseguem falar, a verdade.
A árvore continua a encontrar-se com Conor, sempre às 12:07 para lhe contar histórias de pessoas que o invocaram. Quando Conor encontra novamente a árvore, ele vai para pedir ajuda, para derrotar os que considera inimigos (colegas da escola e a avó), a árvore diz que não, mas que irá contar a primeira história, de como acabou com seus inimigos, de como derrotou um dragão, e de como deu o fim em uma rainha má e como fez para que ela nunca mais fosse vista.
O que você vê? Pergunta a árvore, Conor diz que nada, A árvore pede para que ele use a imaginação. Pois seguindo Lacan, o inconsciente é estruturado como uma linguagem, o inconsciente não está nem dentro nem fora, mas sim na própria fala do analisante, cabendo ao analista fazer com que o inconsciente exista.
As histórias da árvore têm um objetivo, a primeira história, fala de um rei que perde os três filhos em batalha, um por gigantes, outro por dragão e o ultimo por homens liderados por feiticeiros. A rainha se suicida e resta apenas o rei e seu neto, o neto se torna príncipe e futuro rei, adorado pelo povo, mas seu avô se casa mais uma vez, e logo após o casamento o avô fica doente, diziam que a esposa do rei era um bruxa má, determinada a pegar o trono do rei. Algumas semanas depois o rei morre, e com isso pela lei a esposa do rei se torna rainha e não o príncipe que era muito jovem.
Enquanto isso o príncipe com certa indignação se encanta por uma moça e foge com ela, no meio da fuga param para descansar em baixo de uma árvore, A árvore e quando o príncipe acorda a moça está morta. O príncipe alarmou que a rainha havia matado sua futura esposa, e os aldeões se rebelaram contra ela, foi quando a árvore aparece e a rainha nunca mais foi vista.
Essa primeira história mexe com Conor e a sua primeira reação foi dizer: Ótimo ela mereceu! E acrescenta, você (árvore) poderia me ajudar com minha avó. A árvore diz: ainda não terminei a história, eu peguei a rainha, e levei ela longe do vilarejo e ela pôde ter uma vida nova. Conor indignado diz: você salvou uma assassina. Mas A árvore diz: eu nunca disse que ela era uma assassina, eu disse que o príncipe tinha dito isso. Na realidade o príncipe tinha um plano, o plano de se tornar rei. Conor fica irritado e diz: é uma péssima história é errado, e A árvore retruca, é uma história verdadeira, histórias verdadeiras parecem erráveis. As vezes bruxas precisam ser salvas. Conor questiona a árvore, Porque a salvou? A árvore firme responde: Porque com toda a certeza ela não era uma assassina. Nem sempre a um bonzinho e nem sempre haverá um vilão, na maioria das vezes as pessoas são os dois, mas Conor se questiona, como isso o ajudaria com sua avó? A árvore sem pestanejar responde: mas não é dela que você precisa ser salvo.
Podemos relacionar que A árvore ocupando o lugar de sujeito suposto saber (SsS), trata-se de uma ilusão na qual o sujeito acredita que sua verdade se encontra já dada no analista e que este a conhece de antemão, e este “erro” é imanente á entrada em análise. De alguma forma A árvore ocupa a posição do analista, mas a posição do analista não é a de saber, nem tão pouco de compreender o paciente, pois se há algo que ele deve saber é que a comunicação é baseada no mal-entendido, Quinet (2009). Assim como Conor “não entende” porque a bruxa má não é punida. A bruxa da história certamente não é a avó, mas o que a avó representava para Conor, será que a avó trazia algo da verdade, que ainda não podia ser dito?
No dia seguinte, Conor recebe uma notícia da avó, que seu pai está chegando, e que ficará alguns dias na casa da avó. Quando vai conversar com a mãe, ele questiona, porque precisa ficar com a avó? Mais uma vez a mãe diz que terá um novo tratamento e que ficará tudo bem, o que é real não é dito. Conor diz para mãe que ela pode contar para ele, mas a mãe não conta, apenas diz que tudo vai ficar bem. Ficar na casa da avó significa a mãe ficar no hospital mais uma vez.
Conor não diz nada, mas enfurecido bate/quebra algumas coisas na rua até quebrar, vai para escola e fica olhando, com um olhar fixo, como se fosse enfrentar (sem enfrentar), o colega que sempre bate nele, como se Conor o convida-se para bater nele. Conor demanda algo desse colega, e esse colega atende a essa demanda, a de ser punido.
Quando vai para casa da avó, ela pede para que ele não mexa em nada, a relação de ambos ainda está se construindo, mas ele mexe em tudo que consegue, e logo o pai chega, passam momentos juntos. O pai de Conor o abandonou quando ele tinha 5 anos, e conversa sobre ele ir visitar o pai nas férias, mas Conor fica bravo, pois não quer morar com a avó, mas o pai não tem a intensão de leva-lo para morar com ele. Conor “perde” o pai e está prestes a “perder” a mãe, morar com a avó faz isso se tornar real.
Quando retorna para casa da avó, há um relógio antigo de gerações, ele muda o ponteiro, e o horário vai para 12:07 e a árvore aparece, e conta a segunda história, sobre um homem teimoso que recusava a mudar, ele trabalhava com medicina antiga, era conhecido como “apotecário”, mas havia um jovem pastor que só queria o bom e o melhor para sua cidade e pregava contra o trabalho de medicina antiga do apotecário, com isso a população começou a não aceitar mais as ervas, tratamentos dele e ele faliu, na igreja, havia uma árvore de teixo, A árvore mais importante de cura, seus frutos e cascas podem curar quase qualquer doença, qualquer uma que possa ser curada, o apotecário queria alguns frutos da árvore, mas o pastor não o deixa pegar. Passaram-se os anos e o pastor teve duas filhas, e um dia tiveram uma terrível doença, e nada do que o pastor fazia as curava, e assim ele foi atrás do apotecário, e implorou ajuda, o apotecário faz uma pergunta, ao pastor, você desistiria de tudo que acredita para salvar suas filhas? O pastor disse que se fosse para salvá-las ele desistiria, então apotecário disse: então não há nada que possa fazer para te ajudar! As filhas do pastor morrem no dia seguinte. E nesta noite A árvore surgi. Conor retruca: Ótimo, ele deve ser punido por isso.
A árvore destrói a casa do pastor, Conor não entende, pois não era o pastor o vilão para ele, mas sim o apotecário. A árvore diz: ele era mal-humorado, mas era um curandeiro e o pastor ele era um homem de fé sem fé. A árvore se volta para Conor e diz: acreditar é metade da cura, é a fé na cura a fé no futuro que alivia, a sua crença é importante, então tenha cuidado no que acredita e em quem acredita.
A árvore convida Conor a destruir a casa do pastor e diz que é muito prazeroso, em contrapartida Conor está quebrando tudo na sala da avó, diante da raiva, quando se dá conta, não entende o que fez. A avó chega em seguida, pasma, não fala nenhuma palavra, mas ele chorando pede desculpas.
Quando Conor muda o tempo no relógio, podemos relacionar ao tempo de cada sujeito, que vai contra o tempo do neurótico, mas de alguma forma ele acelera o tempo diante da raiva para poder falar/quebrar. Quinet (2009).
No dia seguinte ele acorda e o pai está fazendo o café para ele, e o pai nomeia o quanto percebeu que ele está chateado, Conor diz que não fez de propósito, e o pai responde poderia ter sido pior. Conor sem entender questiona, você não vai me punir? E isso irá adiantar? Questiona o pai.
A mãe de Conor piora, e ele vai visitá-la no hospital, mas mais uma vez a mãe de Conor não fala da real situação, mas de alguma forma Conor sabe. E ele repete o que A árvore o ensinou. A mãe relembra da árvore e que A árvore que a visita é amiga, por isso não pode ser cortada, mas que ela receberá um novo tratamento que vem do teixo de uma árvore parece com esta.
Conor tem mais um encontro com A árvore, mas ainda não está no tempo da terceira história, ele pede para que A árvore cure a mãe, se a doença tiver cura A árvore de teixo a curará. A árvore relembra que a quarta história será a verdade de Conor. Conor diz, você é uma árvore de cura, então deve curar, A árvore responde, que irá.
O pai de Conor retorna para casa, e Conor o “perde” novamente. A mãe de Conor que o ensina, sobre a história da árvore, sobre as cores, sobre os olhos, os olhos que dão vida. Podemos relacionar a linguagem, quando a mãe “ensina” sobre as histórias, e os significantes que ficam para Conor, seguindo Quinet, O sujeito é definido a partir de sua determinação pelo significante, definição essa correlata a formulação do inconsciente estruturado como uma linguagem (2009).
Na escola, o menino que sempre bate em Conor, percebe algo, e diz a ele, “acho que finalmente eu te entendi, depois desse tempo todo, tudo que você quer é alguém para te machucar, mas quer saber eu não sou mais esse cara, agora eu não te vejo mais, agora também é invisível para mim, espero que tua mãe melhore”
E neste momento a árvore reaparece para a terceira história: Era uma vez um homem invisível que estava cansado de não ser visto, ele não era invisível, as pessoas que tinham se acostumado a não vê-lo, e o homem invisível não pôde mais aguentar, ele ficava pensando, se ninguém nunca o viu, será que ele existe mesmo. Conor pergunta a árvore, o que o homem invisível fez? Ele chamou o monstro (A árvore).
Conor bate incansavelmente no colega e diz: eu não sou invisível! O colega vai para o hospital, e a diretora em uma conversa com Conor não o expulsa da escola, pede para ele ir para aula, e que um dia falaram sobre isso, mas não hoje. E ele questiona, não serei punido? E o que isso adiantaria? Diz a diretora.
A mãe de Conor piora, e ele vai visitá-la, e pela primeira vez a mãe fala um pouco mais, e diz que o tratamento do teixo não está funcionando. Ele questiona o que acontecerá? E ela diz que sente muito, e diz que tudo bem se ele estiver bravo, e que também está com raiva de ter que falar a verdade, diz que tudo bem se precisar quebrar algo, Conor não diz nada, não responde. Dessa vez o silêncio das palavras é de Conor.
Conor vai até A árvore perto da sua casa, e diz que ela o enganou, que se chamou A árvore, era para curá-la, e A árvore diz que veio para curar Conor e não a mãe de Conor. Conor pede ajuda para árvore, e ela responde, está na hora da quarta história, está na hora do seu pesadelo. Conor resisti e diz: eu preciso voltar para minha mãe, e A árvore: ela já está aqui, Conor revive o sonho e corre para salva-la, mas não consegue!
No início do tratamento o paciente resiste, não expressa o efeito desejado de colocar um fim nos sintomas, mas terá outras consequências, num primeiro momento, irá suscitar resistências e depois, quando estas tiverem sido superadas, motivará um processo de pensamento, em cujo percurso finalmente se estabelece o influenciamento esperando da lembrança inconsciente, Freud (1913).
A árvore: Este é o seu pesadelo, esta é a sua verdade. É nessa hora que eu acordo, que eu sempre acordo, retruca Conor, ela caiu porque não consegui segurar. A árvore, fale a verdade, me conte o seu pesadelo, eu vou morrer se eu falar, você vai morrer se não falar. E Conor consegue dizer: eu queria que acabasse, eu a deixei cair, eu a deixei morrer.
A árvore, muito corajoso, Conor, você finalmente disse. E Conor triste responde: Eu mereço o pior, eu mereço ser punido. Eu sempre soube que ela não ia sobreviver, ela sempre disse que iria melhorar, porque era o que eu queria ouvir, e eu acreditei nela, só que eu não acreditava, comecei a pensar em como tudo isso poderia acabar, eu não gostava de como me sentia sozinho. Árvore: Uma parte de você queria o fim, mesmo que você a perde-se. Eu a soltei, eu deveria ter segurado, mas eu sempre solto. Árvore: E essa é a sua verdade. Mas eu não queria que fosse, agora é real, ela vai morrer e a culpa é minha. Árvore: Isso não é verdade, você só queria que sua dor cessasse, o desejo mais humano que há. Mas não era certo, era e não era... Como o príncipe pode matar e ser amado pelo seu povo...Como o apotecário pode ser mal-humorado, mas muito correto? Como um homem invisível pode se sentir mais vazio quando é visto?
Podemos pensar que quando Conor se punia, deixando que o outro o bate-se, quando o silêncio que permanecia, lá estava o sujeito em sua responsabilidade na escolha de sua neurose e em sua submissão ao desejo como desejo do Outro. A retificação subjetiva aponta que, lá onde o sujeito não pensa, ele escolhe; lá onde pensa, é determinado, introduzindo o sujeito na dimensão do Outro, Quinet (2009).
A Punição a si mesmo, vem diante da descrença em acreditar que a mãe iria se curar, e a culpa por desejar por hora a morte dela, e a raiva, raiva essa já vivenciada na infância quando perde a mãe, quando perde o pai, mas agora é a perda pela morte real do vínculo entre mãe e filho. E é diante do não dito que os sintomas aparecem.
Conor: Estou tão cansado disso tudo, estou com sono, como a quarta história acaba? Questiona Conor e adormece. A avó o encontra, e ele pede desculpas, pela sala, agora já é possível falar...E em seu último encontro com a mãe ele pode dizer, que não quer perdê-la, não quer que ela vá. Conor pode falar, o que não era falado, seguindo Quinet (2009), o trabalho de deciframento do gozo pelo significante contém uma mais-valia não contabilizada: o objeto a dito o objeto mais-de-gozar. A análise, além de seu trabalho de deciframento, deve levar esse processo de ciframento às últimas consequências: “fazer passar o gozo ao inconsciente, isto é, á contabilidade, ou seja, tudo dizer até não poder mais e assim poder curar-se pela palavra sendo possível se reconstituir enquanto sujeito de linguagem, e ao fazer isso ele pode finalmente deixa-la ir.
Uma curiosidade que assume um significado importante para a psicanálise na história de Conor é que a “voz da Árvore”, é do ator Liam Neeson que faz o avô de Conor no filme, que não aparece na trama por já estar morto, mas que está em uma foto no porta-retrato no quarto de Conor.
Esta voz é uma marca da lei, pois “dentro da estrutura familiar, o Nome-do-Pai, como “pai simbólico”, se distingue do genitor, do pai da realidade, que é o pai imaginário. O Nome-do-Pai está no discurso da mãe, é para onde aponta o seu desejo.” (Quinet, 2015).
O que fica explicito ao final do filme quando a avó apresenta para Conor seu novo quarto, que era o quarto de sua mãe quando criança, e ele vê os cadernos de desenho de sua mãe, e vê desenhos do mostro, a Árvore, da bruxa má, do príncipe, do apotecário, etc... e então entende, que os sonhos que teve com a Árvore, eram na verdade histórias que seu avô contou a sua mãe quando ela era criança, e que posteriormente ela contou a ele fazendo menção sobre o avô, se referindo ao avô, fazendo aí uma marca, apontando um desejo em relação ao avô de Conor, desejo que já havia sido dito na cena em que assistem ao filme do King Kong que ela assistia com seu pai, e diz que gostaria que Conor o tivesse conhecido.
Mesmo o avô não estando vivo, através da função materna, ele foi inserido como função Nome-do-Pai na vida de Conor, a partir do qual ele se inseriu no campo da linguagem, simbólico e inconsciente. Este movimento por ser simbólico pôde se instaurar como uma metáfora, tal como se deu nos sonhos de Conor.
Quantos minutos gastam naquele jogo? Só os relógios do céu terão marcado esse tempo infinito e breve. A eternidade tem os seus pêndulos; nem por não acabar nunca deixa de querer saber a duração das felicidades e dos suplícios. (Machado de Assis).
Curiosidades:
- Filme baseado no livro: escrito por Patrick Ness.
- A voz que dubla a árvore, é o ator que faz o avô de Conor (foto no quadro).
Referências
FREUD, S. Sobre o início do Tratamento (1913) in: obras incompletas de Sigmund Freud, tradução Claudia Dornbusch, ed. Autentica.
QUINET, A. As 4+1 Condições de Análise (2009) 12.ed – Rio de Janeiro – Zahar.
QUINET, A. Édipo ao pé da Letra (2015) 1ª ed – Rio de Janeiro – Zahar.
Comments