Freud inaugura uma clínica, um método voltado à clínica, conduzido por uma investigação promissora, onde uma estrutura aparece como essencial para uma tipologia das condutas de inserção na cultura como um objeto de pesquisa que escapou à curiosidade dos alienistas do século XIX.
A psicanálise permitiu através do desenvolvimento nos estudos da neurose obsessiva, que a antropologia e a cultura desenvolvessem melhor suas consequências, encontrando um analisador decisivo de distinção entre comportamento e estrutura, entre sintoma particular e organização da personalidade. Assim, se pôde compreender que em muitas sociedades tradicionais, encontramos condutas obsessivas, sob a forma de ritos conjuratórios (rogo, súplica, invocação mágica) diante do perigo, embora um número reduzido de pessoas que apresentem esta estrutura (neurose obsessiva), à época freudiana. Não é necessário construir um rito de defesa para esta estrutura, afinal a sociedade já o oferece pronto.
A princípio, Freud aproxima a neurose obsessiva da neurose histérica, para ver o que há de comum entre ambas, e depois as distingue. Ambas são chamadas de psiconeuroses de defesa, resultam de ação traumática de experiências sexuais vividas na infância, e que constituem um esforço de defesa contra uma representação ou afeto que provenha dessas experiências, fazem um movimento para afastar aquilo que é incompatível ao Eu. Busca-se transformar a representação forte numa representação enfraquecida, desligando o afeto de sua verdadeira fonte.
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